Centro Histórico de Natal

Posted on Fevereiro 21, 2012

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Desde o início de janeiro, estive participando do curso de Centro Histórico, oferecido pelo IFRN Cidade Alta. E, para finalizar o curso, segunda passada fizemos uma caminhada pelo Centro, partindo do IFRN Cidade Alta e descendo até a Rua Chile.

O interessante é que, por mais que já tenha feito esse percurso várias vezes (inclusive na Caminhada Histórica  do Natal), tinha muita coisa que eu não sabia e umas histórias que nunca tinha ouvido falar.

Tínhamos muitos pontos pra ver no percurso,  por isso não dava pra entrar nos prédios e parar pra ficar tirando fotos. Tirei várias, mas como em geral não ficaram legais, é possível que nesse post eu coloque fotos que tirei em outros dias também.

Como a maioria das pessoas sabe onde fica a Pinacoteca, Prefeitura, Capitania das Artes etc., vou fazer aqui um rápido apanhado apenas sobre os pontos que achei mais interessantes.

professora em frente à Igreja do Galo

Saimos do IFRN, passamos pelo “caminho de beber água” (trecho que antigamente a população percorria pra pegar água no riacho do baldo) e chegamos na Igreja do Galo. Essa Igreja foi a 3a construída em Natal (datada de 1766), arquitetura barroca, e lá funciona o Museu de Arte Sacra do RN (por sinal, só descobri que ele existia dia desses).

detalhe pro galo lá em cima

detalhe pro galo lá em cima

Em seguida, passamos pelo Memorial Câmara Cascudo e chegamos na Igreja Matriz, localizada na Praça André de Albuquerque. Ela foi o primeiro templo religioso de Natal, e começou a ser construída em 1619.

Igreja Matriz Nossa Senhora da Apresentação

Dali, passamos na frente do Instituto Histórico e Geográfico do RN (onde tem um acervo que precisa ser digitalizado JÁ e, pasmem, uma coluna capitolina doada por Mussolini!),  paramos na Praça André de Albuquerque, criada em 1599 e que abriga o “marco zero” da cidade.

marco zero de natal, acredite se quiser

Uma curiosidade: Em frente à Praça André de Albuquerque, existia uma Casa de Câmara a Cadeia (veja a foto)! Foi demolida e hoje tem uma padaria no local…

Passamos em frente à Pinacoteca do Estado e fomos na rua lateral só para ter conhecimento de onde fica o Iphan (que em breve vai ocupar um prédio lindo que tá em restauração lá na Ribeira) e ver o Museu Café Filho, também conhecido como Sobradinho Véu da Noiva. Ele é chamado assim por causa do muro da lateral do prédio, que lembra um véu branco. É também um dos poucos prédios que vimos em que ainda prepondera o estilo colonial.

museu café filho e iphan

Depois, voltamos para a Praça André de Albuquerque, passamos em frente ao Memorial Desembargador Vicente de Lemos (hoje Memorial da Justiça, e antiga casa de Dr. Barata, que gostaria muito de saber quem é) e seguimos até a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

A “Igreja dos Pretos” foi a segunda construída em Natal.  Conta-se que ela foi construída para que os escravos não frequentassem mais a Igreja Matriz, até então a única da cidade. Ela tem uma linda vista para o Rio Potengi, e essa característica gera várias histórias: conta-se que foi construída “de costas” para a Igreja Matriz para que os brancos e pretos não se encontrassem ao final da missa. Ainda existe outra explicação: ela foi construída dessa forma para que estivesse “de frente” para a África.

Detalhe da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Eu particularmente nunca tinha reparado nessa Igreja, não sei como. De fato, no largo em frente a ela se tem uma vista linda da cidade. E uma curiosidades: todo domingo, às 9h, é rezada uma missa em latim (!).

Em frente à Igreja, outro ponto importante: o Palacete da Viúva Machado, outro lugar que nunca tinha ouvido falar.

belíssimos jardins do Palacete da Viúva Machado

A história sobre a tal Viúva Machado é bem interessante. Como ninguém nunca via essa mulher, criou-se a lenda de que ela comia fígado de criancinhas. Essa história era bem conhecida, e acabou que a Sra. Machado virou uma espécia de “homem do saco” no imaginário popular. Em relação à casa, foi construída em 1910, na época com o ápice do requinte, com material importado da Europa. Inicialmente pertencia a parentes de Alberto Maranhão, mas depois foi vendida à família Machado.

Dando continuidade ao passeio, passamos em frente à Prefeitura (datada de 1922, de estilo eclético e cheio de ornamentos que eu sinceramente nunca tinha parado pra olhar), descemos em direção à Ribeira, passando pela Casa da Estudante, Praça das Mães e outros prédios com arquitetura interessante (a professora do curso é arquiteta, comentei?).

acho super charmoso esse relógio

Descendo da Capitania das Artes até o largo Dom Bosco tem vários pontos importantes. O Solar Bela Vista, por exemplo, foi construído  na primeira década do século XX, quando já havia uma preocupação estética que era das grandes casas possuírem jardins amplos. O dono do Solar Bela Vista (que também tinha uma famosa loja, chamada Paris em Natal) era o mesmo do casarão ao lado, hoje Solar João Galvão (nunca entrei, quero conhecer como é).

solar bela vista

Bem, seguindo nessa rua ainda tem a sede do Jornal A República, Casa de Câmara Cascudo e a Travessa Pax, uma das primeiras ruas de Natal e única tombada, por ainda conservar o calçamento original.

Travessa Pax, ao lado do Solar Bela Vista

Descendo ainda mais em direção à Ribeira, chegamos no Largo Dom Bosco.

Uma curiosidade: o local onde hoje é o Largo Dom Bosco, antigamente era um braço do Rio Potengi! E para chegar na Cidade Alta, era preciso contorná-lo…

Bem, hoje por lá tem o Museu de Cultura Popular (desse, eu particularmente gosto), o prédio do antigo Grupo Escolar (fica ao lado do TAM, prédio tombado e completamente abandonado) e o Teatro Alberto Maranhão, outro que nunca tinha parado para olhar, de fato.

Prédio do antigo grupo escolar, construído em 1908. "Tombado e tombando", nas palavras da professora

Fachada do Teatro Alberto Maranhão, estilo neoclássico com acréscimos do ecletismo

Para encurtar o relato, fomos pela Duque de Caxias e passamos pelo Antigo Grande Hotel, (hoje juizado de pequenas causas, com arquitetura super inovadora na época com aquele formato arredondado), pela futura sede do Iphan (como mencionei, o prédio está em restauração) e fomos até o porto da cidade (e ali perto tem um canhão, pasmem).

Nesse ponto, o cansaço já era grande. Passamos muito rapidamente pelas ruas e eu me dei conta do quanto eu desconheço a Ribeira, por mais que há anos eu frequente o bairro. Andando pela Rua Dr. Barata, prometi a mim mesma que voltaria para fazer umas fotos por lá…

rua chile, parada final

Bem, chegamos na Rua Chile, uma das primeiras do período colonial, passamos rapidamente pelo antigo prédio do Palácio do Governo (hoje Escola de Dança do TAM), antigos bordéis, casas que ainda mantém a arquitetura original e chegamos ao Beco da Quarentena, que tem esse nome porque era o local onde ficava hospedado aqueles que atracavam no porto da cidade, a fim de que uma possível doença não se espalhasse.

beco da quarentena

E assim acabou nosso trajeto. Deu a impressão de que a Cidade Alta rendia um dia, e a Ribeira mais outro. Certeza de que voltarei para conhecer alguns pontos com mais calma.

Para finalizar, deixo aqui um vídeo que saiu na Tribuna do Norte sobre a nossa caminhada:

A colega Carol Reis, que também participou do curso, postou no Facebook fotos muito bonitas com as respectivas informações, quem se interessar é só clicar aqui.

E quem procura mais informações sobre o Centro Histórico de Natal, o Iphan tem algumas publicações, e a Semurb também, ó: http://www.natal.rn.gov.br/semurb/paginas/ctd-102.html

Ah, quem quiser fazer esse curso, próximo ano tem novamente! É só ficar atento no site do IFRN.

:)